4.9.18

Adeus, Museu Nacional.



    Eu realmente não queria ter que escrever esse texto, mas como na maioria das vezes na vida, as coisas acontecem sem a gente querer, aí só nos resta lidar.

    Esse último fim de semana foi de uma perda irreparável para o Brasil e o mundo. O Museu Nacional, que fica aqui no Rio – e que foi plano de fundo para muitos dos meus melhores fins de semana da vida – pegou fogo, levando consigo milhares de anos de história (o museu em si tinha 200 anos, mas tinha itens do acervo que datavam de bem, bem antes) não só do Brasil, mas da civilização humana. Não lembro se já entrei lá, mas, como já disse, teve uma época da minha vida em que eu ia quase sempre à Quinta da Boa Vista, onde ficava o museu, e enquanto eu corria pelo parque durante as atividades das gincanas, ele estava lá, de fundo, e algumas vezes até servia para as atividades.

    O que me deixa mais triste de tudo não é só saber o quanto de história e ciência foi perdido nesse incêndio, mas o descaso com o qual este e outros museus pelo Brasil tem sido tratados nos últimos anos. As verbas não davam conta de manter o local no melhor estado e, no caso do Museu Nacional especificamente, as vezes tinham que organizar vaquinhas pela internet para fazer pelo museu o que o governo não fazia. E agora que quase tudo virou cinzas (os meteoritos resistiram e os pesquisadores e funcionários do museu conseguiram resgatar algumas peças antes que o fogo tomasse conta), os políticos estão dando declarações de pesar que não parecem genuínas, liberando dinheiro para a reconstrução do palácio, dizendo que vão reconstruir o museu...

    Está claro que para muitos apenas o prédio importa. Claro, ele em si já era histórico o suficiente, tendo sido morada da família real e imperial durante muito tempo, mas e o acervo de mais de 20 milhões de itens, distribuídos em diferentes coleções, vindos de diversos momentos da história e lugares do mundo? E os pesquisadores que trabalhavam ali?

    E a cada hora que passa, me convenço de que o que causou o incêndio não foi acidente. Um dia depois, outro lugar importante, o Centro Histórico de Salvador, pegou fogo. Claro que há descaso, mas sinto que tem muito mais por trás, porque é bem conveniente para algumas pessoas que a população em geral não tenha conhecimento, não tenha acesso a informação e a cultura. Sem isso, é bem mais fácil para essas pessoas controlarem o povo e acabarem nos convencendo de coisas que não são o que parecem.

    Gostaria de deixar aqui meu reconhecimento a todos os esforços feitos para tentar prevenir essa tragédia e aos feitos para tentar amenizar a perda inestimável que tivemos com esses incêndios. Também deixo um apelo, parafraseando o famoso ET Bilu: busquem conhecimento. Curiosidade é uma dádiva, porque faz a gente ir atrás das coisas e aprender. Não deixem que continuem apagando a nossa história e a nossa memória.    

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