Rio de Janeiro, 12 de agosto de 2018.
Dia dos pais.
E, como já aconteceu pelo menos umas 5 vezes desde que eu nasci, aniversário da minha mãe também.
Eu deveria me considerar sortuda. Tenho um pai, que apesar de não estar mais tão próximo quanto antes, ainda me dá algum apoio quando preciso e que não julga minhas escolhas. Tenho um padrasto que cuida de mim como pai, mesmo que não tenha nenhuma obrigação quanto a isso. Tenho uma mãe que nunca mediu esforços por mim.
Sei que nossas relações não são fáceis. Não posso evitar me sentir um peso pra vocês quando percebo que as ideias que temos para o meu futuro não são as mesmas. Eu queria conseguir retribuir tudo que os três tem feito nos últimos anos, mas, apesar de terem me criado para ser uma mulher independente e confiante, não acho que eu tenha chegado a esse ponto.
Para meu pai, às vezes me sinto deixada de lado. Sei que é outro momento, você tem outras preocupações, uma nova família e tudo mais, mas eu acho que não deveria estar de lado ou me sentir dessa forma. Confesso que muitas vezes não vou atrás porque estou cansada, fiz isso tantas vezes ao longo dos anos que acabei desistindo. E isso me incomoda. Hoje em dia faço que nem ligo mais. Não gosto de falar desse assunto, porque, no fundo, sinto que você também não queria isso, então meio que não dá pra te culpar.
É meio estranho, sabe? Por um lado me sinto sortuda por ter três pessoas para ocupar esse papel na minha vida, mas aí sinto que estou sendo ingrata por não aproveitar bem essa oportunidade. Ao mesmo tempo que entendo que vocês querem meu bem, sinto vontade de abrir minhas próprias asas e voar sozinha, e eu gostaria de conciliar essas coisas.
Espero que um dia a gente consiga se dar melhor, e que eu esteja mais presente na sua vida, pai.
Com carinho, eu.
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