Como RuPaul's Drag Race melhorou (um pouco) a minha vida

    Hoje eu resolvi contar uma história real e oficial que aconteceu comigo. E achei relevante falar porque se eu quero fingir que sou digital influencer, preciso fornecer conteúdo de qualidade que possa ajudar outras pessoas.

    Então lá estava eu, 19 anos de idade, rolando pela Netflix até que resolvi assistir um reality show chamado RuPaul's Drag Race. Deve-se ter em mente que eu não sabia muito sobre drag queens na época, pra mim ia ser só um bando de homem se vestindo de mulher e enchendo a cara de maquiagem. Mas mano.... MANO...


    O amor começou quando eu vi todo mundo se matando pra fazer o vestido de cortinas - eu comecei pela 2ª Temporada, já que a 1ª não está disponível na Netflix. De cara já amei Shangela, Jujubee, Mystique e Tyra. Também tinha simpatia por Sahara, Tatianna... O ranço de verdade só veio pela Raven. Nunca gostei. Credo.

    Com outras temporadas, outras faves: na Season 3 tivemos a Shangela de volta, mas também teve a Stacy, a Alexis, a Yara... Na quarta, meu amor Latrice Royale, além de Jiggly, Kenya, Sharon, Chad e até a própria Phi Phi. Quinta temporada trouxe a Jinkx pro meu panteão de faves e fez nascer minha aversão pelo Rolaskatox. Depois veio minha deusa protetora Adore Delano, minhas rainhas Katya e Trixie, minha amada militante Bob e o melhor top 4 de Drag Race. 113 queens que entraram aqui no meu coração. 114, claro, se contarmos a Ru. 115 se a matemática incluir a Lady Bunny.

    Não estamos aqui pra falar do quanto eu amo o show ou do quanto eu admiro essas artistas. Mas sim de como assistir a esse programa me ajudou com algumas coisas da minha vida. Veja bem: eu sempre tive a autoestima baixíssima, mas sinto que melhorou bastante depois que comecei a acompanhar. Ver como a maioria das queens que eram subestimadas pelas colegas davam a volta por cima meio que me inspirou a querer ser melhor também. A melhor forma de calar a boca de quem duvida de você é mostrar que você é melhor que isso.

Faço das palavras de Deuslano as minhas.

    E a arte drag não é apenas benéfica para quem é artista, mas também pra quem acompanha. Às vezes você está tendo um dia ruim e vai atrás que algo que o distraia: música, leitura... E por que não se expressar usando seu próprio corpo como uma tela? Por que não procurar um show de drag ou ver aquela apresentação da sua fave que você tanto venera? 

    Claro que de certa forma eu tenho uma identificação maior com as do show, porque são as que eu mais acompanho e tal, mas o programa meio que me abriu os olhos pras queens maravilhosas que o Brasil tem. Tenho algumas adicionadas no facebook inclusive, acompanho também no instagram e - surprise surprise! - estou meio que desenvolvendo minha drag persona também. Ainda tenho muito o que aprender, mas só de pensar no que eu quero entregar pra essa comunidade linda já tenho mais forças pra seguir em frente nas outras áreas da minha vida.

     Resumão: eu não só descobri que drag é muito mais que lotar a cara de maquiagem, se moldar com enchimentos e fazer espacates, mas também descobri mais sobre mim mesma. Por isso recomendo o show, recomendo vocês a descobrirem também nossas queens locais, inclusive até a se aventurar nessa arte.

    O que eu aprendi até agora? Que não importa seu gênero, sua idade ou a estética que você vai seguir, não importa se seu forte é com maquiagem, dança, canto, comédia, atuação ou costura: se você quer fazer drag, você é bem vindo. Dê o seu melhor para o mundo e também para si mesmo, aplique toda a confiança que essa arte traz consigo no seu dia a dia. E se você não gosta, tudo bem. Só, por favor, respeite. Ninguém sabe o que essas pessoas passam no dia a dia além delas mesmas. Tenhamos um pouco de empatia, por favor.

    É como a Ru sempre diz ao terminar os episódios: "If you can't love yourself, how in the hell you're gonna love somebody else? Can I get an amen up in here?"