22.5.16

Ser gelado está acabando com as pessoas.

 Ainda lembro de quando tive minha primeira paixonite de verdade, aquela da qual vivia falando para os amigos (quando não estava com vergonha de admitir pra eles). Lembro de passar tempo desenhando corações no canto das folhas de fichário, de rabiscar nossas iniciais na mesa da escola, de escrever sobre no meu diário, de pedir dicas de como conquistá-lo. Uma das coisas que mais ouvi foi: "se faz de difícil". Na real nunca entendi o porquê disso: se eu gosto da pessoa, por que não posso ir até ela e dizer?


 Hoje em dia todo mundo se faz de difícil. Basta olhar em volta: ninguém quer estar interessado, ninguém quer estar perto de quem está interessado, ninguém quer mostrar que está interessado. E isso machuca. Machuca porque ninguém sabe mais como conversar ou manter conversas. Machuca porque somos obrigados a reprimir nossos sentimentos só porque aparentemente não é legal sentir. Machuca porque desenvolvemos um medo irracional de afastar as pessoas só por, pasmem, estarmos próximos delas. O aceitável é ser frio, ter o iceberg do Titanic batendo no lugar do coração. "Foi bobo de acreditar que ele te amava" é uma das frases que mais ouvimos (e até dizemos!) quando há o fim de algum relacionamento ou uma pessoa conta que foi decepcionada. Sentimentos e emoções? São fraqueza.

 Essas "Olimpíadas do Desapego" estão acabando com a humanidade. As pessoas se forçam a esconder, encobrir, não sentir e acabam esquecendo como é ser humano. E sofrem. Começam a se achar anormais por ter emoções. Se acham anormais porque veem os impactos das emoções em suas vidas.

 Queria apenas poder demonstrar as coisas que sinto sem ter medo de ser feliz – ou triste. Abraçar, gritar, rir, chorar, beijar, espernear. Fazer tudo isso sem ser taxada como boba, louca, sensível, imatura, trouxa. Sentir que estou entre pessoas, porque atualmente parece que todos ao meu redor (bem, quase todos) foram substituídos por robôs ou bonecos de cera. Sério.

 A minha dica hoje é: tente se permitir sentir. Não esconda! Faça suas próprias regras. Não se envergonhe de ser quem é e não deixe que te façam pensar assim. A vida pode até parecer longa, mas temos muito pouco tempo para fazer joguinhos e deixar de lado o que realmente importa, que é nosso bem-estar e o das pessoas ao nosso redor.

Um comentário:

  1. Amei esse texto e por mais que seja do ano passado, vivemos isso ainda nesse tempo. Infelizmente é oque muitos vivem, status, poder, sorriso falsos. É oque alimenta eles. A humanidade as vezes me assusta...

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