Esse texto não é bem um daqueles textinhos filosóficos que eu costumo escrever quando tô no transporte e a bateria do celular está crítica demais pra ficar no Twitter ou eu esqueci de novo de por um livro na bolsa. É mais um desabafo mesmo.
Há uns sete anos, eu tinha um outro blog e estava falando sobre esse mesmo assunto. Era meu último ano no ensino fundamental e eu NÃO ESTAVA PRONTA pro ensino médio. Depois de 6 anos estudando na mesma escola, eu estava prestes a mudar, conhecer gente nova que provavelmente ia fazer mais mal pra mim do que alguns colegas da escola atual, ter que lidar com matérias mais complicadas, mais responsabilidades e ter que escolher o curso da faculdade. Eu tinha só treze anos, sentia como se estivessem me jogando numa jaula de leões e eu não tivesse treinamento para sobreviver àquele ambiente.
Pois bem, o ensino médio veio, os colegas me surpreenderam (OK, ainda veio gente bosta no pacote mas agora eu já sei que isso é comum em qualquer lugar ou fase da vida), lidei bem com as matérias e as responsabilidades e, mesmo tendo demorado bastante pra tomar uma decisão, estou bem feliz com minha escolha. Aí a faculdade entrou em jogo e, por mais que eu tenha tido meus perrengues com ela, não quero dar adeus. Não tô preparada. A jaula dos leões agora conta com outros predadores, eu estou numa corda bamba que passa por cima de um tanque de tubarões e se bobear ainda jogam uns monstros mitológicos pra acabar com a minha raça.
O que vem depois da faculdade? Trabalho. Independência. Mais cursos pra se atualizar e encher o currículo. Subidas na carreira. Então vem os parentes cobrar um relacionamento. Casamento. E filhos. Felicidade, satisfação. Quando conseguir finalmente respirar, a Dona Morte bate à porta perguntando se gostou da aventura como um pai pergunta ao filho se gostou da voltinha na montanha-russa daquele parque fuleiro que montaram na pracinha na festa junina.
E o que a gente faz quando tá no tapetinho da porta de entrada da vida adulta e mesmo limpando os pés ali por uns 20 minutos ainda acha que tem sujeira demais nos sapatos? E se já aproveitamos todas as funcionalidades da versão grátis mas ainda não temos como pagar a assinatura premium? O período de testes do The Sims da vida real acabou, mas não posso baixar a versão completa pirata por medo de vírus e não sei de onde tirar dinheiro pra comprar a original. Vida maldita, vida madrasta.
E o que eu vou fazer? Torcer para que até dezembro eu me acostume com esse papo de virar adulta. Sorrir pra dor, como sempre faço. Comer uns pães de queijo. Deixar pra me preocupar quando estiver tão em cima da hora que eu não vou ter outra escolha a não ser fazer o que tenho que fazer. E esperar pelo melhor.
A única escolha é esperar pelo melhor.
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